Indígenas venezuelanos estavam morando em cortiços no Centro de Manaus (Foto: Adneison Severiano/G1 AM) |
Após a chegada dos indígenas venezuelanos, desde o início deste ano, os órgãos governamentais e movimentos religiosos passaram a atuar no acolhimento dos refugiados, que estavam pedindo esmolas nas ruas e morando em situação insalubre. Eles chegaram a ocupar a Rodoviária de Manaus e viadutos por algumas semanas.
Um dos novos abrigos dos imigrantes é um casarão no bairro Educandos (Foto: Adneison Severiano/G1 AM) |
Um Centro de Acolhimento, localizado na Zona Leste, foi criado em junho. Foram levados para o local 263 indígenas venezuelanos, que passaram a contar com alimentação, assistência médica e moradia. Porém, outros 240 indígenas permaneceram em quartos alugados no Centro. A maioria ficou na Rua Quintino Bocaiuva, pagando entre R$ 10 e R$ 30 por dias. Com doações, as famílias viviam em espaços pequenos, sem ventilação e em péssimas condições de higiene.
Indígenas da etnia Warao fugiram da fome na Venezuela (Foto: Adneison Severiano/G1 AM) |
Em razão da situação insalubre dos índios que ainda estavam em antigos cortiços, famílias de imigrantes começam a ser transferidas para os abrigos que serão subsidiados pela Cáritas e a Prefeitura de Manaus.
Os venezuelanos foram levados para cinco imóveis alugados: um no Centro, um no bairro Cidade Nova II, Educandos, Vale do Sinai e Redenção.
A Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh) explicou que a medida é para reduzir os riscos da exposição dos imigrantes indígenas ao tráfico de drogas e prostituição.
"Estamos tirando essa população dessa área de pressão tanto da prostituição quanto do tráfico de drogas, distribuindo em cinco endereços diferentes. Em cada um desses lugares, tivemos a preocupação com a Igreja Católica de referenciar essas habitacionais com a proximidade de escolas, unidades de saúde, Cras [Centro de Referência da Assistência Social] e Creas [Centro de Referência Especializado de Assistência Social]. Para que eles possam ter uma assistência completa com inclusão em programas sociais para dar autonomia para aquelas famílias que querem ficar em Manaus", disse o secretário da Semmasdh, Elias Emanuel.
Busca por sobrevivência
O indígena Alírio Peres, de 28 anos, está há quase oito meses em Manaus. O venezuelano e mais quatro familiares se mudaram para capital amazonense em busca de sobrevivência.
Peres foi levado para morar em um casarão na Rua Sá Peixoto, no bairro Educandos, Zona Sul. O imóvel com três pavimentos abrigará 20 pessoas. O novo abrigo tem banheiros, cozinha e área de recreação para crianças. Longe de sua terra natal, os imigrantes agradeceram a ajuda do povo brasileiro.
"Na Venezuela não tem comida e temos que voltar para lá com falta de alimentos. Agora, estamos melhor nessa casa e as crianças poderão brincar. No Centro era muito difícil, agradeço a ajuda de todos", disse o indígena, que já consegue falar algumas palavras em português.
Recursos
O Governo Federal prometeu repassar R$ 720 mil para ajudar no custeio com acolhimento dos imigrantes venezuelanos em Manaus. Os recursos ainda não foram liberados, mas serão usados também para fomentar produção de artesanato dos indígenas e gerar renda para as famílias. A previsão é que até próxima semana o repasse seja feito.
“Os R$ 720 mil fazem parte de um plano para seis meses, mas isso não significa passado os seis meses encerrou o trabalho. A administração desse repasse será feita pela Semmasdh junto com a Cáritas para utilização em aluguel, alimentação, higiene e pagamento de pessoal”, comentou o secretário.
Equipamentos e eletrodomésticos também serão comprados com os recursos. As entidades envolvidas no acolhimento planejam criar condições para os imigrantes consigam produzir artesanato para comercializar e garantir o próprio sustento no futuro.
“A expectativa que possamos ajudar nesse processo para auto sustentar. A ideia que eles também possam criar um meio para sustentabilidade. Tem o artesanato, que é um caminho desenhado pelas lideranças deles. Eles vieram buscar comida e estavam passando fome. Eles estão aqui, mas se melhorar na Venezuela, sem dúvida, eles podem ir. Se eles querem ficar conosco, ninguém pode impedir”, disse o vice-presidente da Cáritas de Manaus, padre Orlando Barbosa.
A próxima etapa do trabalho de assistência social será regularização documental dos imigrantes para inclusão em programas sociais.
Famílias foram levadas para cinco abrigos em bairros diferentes de Manaus (Foto: Adneison Severiano/G1 AM) |
Imigração
Em busca de sobrevivência, os índios começaram a migrar para Manaus desde o início deste ano. Adultos, idosos e crianças se abrigaram na Rodoviária de Manaus e debaixo de um viaduto na Zona Centro-Sul da cidade.
Em maio deste ano, a Prefeitura de Manaus decretou situação de emergencial social devido ao intenso processo de imigração dos indígenas da etnia Warao da Venezuela para capital amazonense.
Inicialmente, os venezuelanos ficaram alojados na Rodoviária de Manaus. Aos poucos eles foram para as ruas, cortiços no Centro e no bairro Educandos, na Zona Sul de Manaus. Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), 512 venezuelanos indígenas estavam alojados no Serviço de Acolhimento e no Centro de Manaus até dia 5 de julho.
Imigrantes chegaram a ficar acampados na Rodoviária de Manaus no início do ano (Foto: Adneison Severiano/ G1 AM) |
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